Brasil of cards
Arquivo de publicação do medium em May 21, 2017
Brasil of cards
Quem consegue adivinhar o próximo capítulo?
Essa semana o Brasil sentou pra ver um jornal nacional que parou de segurar a onda do Temer e do Aécio e, além de divulgar as gravações do Joesley Batista, que incriminavam ambos, ainda se dedicou a cobertura, explorando os temas ao máximo. Bem diferente das coberturas tímidas de antes.
Eles queriam derrubar esse “Governo”, mas quais outras intenções terá a Rede Globo, que se mostrou, mais uma vez, dona da indignação dos brasileiros?
O que pudemos ter como certeza é que ninguém governa o Brasil sem a Globo.
Lula e Dilma levaram14 anos para sucumbir ao massacre midiático, mas Temer e Aécio não resistiram a uma noite de más notícias no Jornal Nacional.
Levando-se em consideração que, em comparação com o governo anterior, a emissora vinha fazendo uma cobertura amiga a respeito da gestão de Temer e dando pouco espaço aos escândalos e absurdos abundantes desse presidente e seus ministros machistas e corruptos.
O que teria feito a emissora dedicar o espaço dos últimos três telejornais a cobertura do escândalo e a tragédia dos personagens Aécio e Temer.
O triste fim de Aécio Neves
A audiência mais fiel da emissora descobriu que sim, há corrupção além do PT e se impressionou com o Aécio Neves desnudado essa semana.
Ao invés do candidato, com espaço de destaque para seus comentários com bravatas anti-PT e sempre evocando sua honra quase genética, vimos um corrupto, sem equilibrio, que andava de um lado para o outro e estava acabado, investigado pela lava jato em Furnas e vários outros processos.
os casos de corrupção envolvendo o Aécio, que quando ele era o candidato apto a derrotar o PT, eram omitidos, ou exibidos em segundos no jornal, ganhoram reportagens inteiras.
A emissora, que garantiu 51 milhões de votos para o Aécio no segundo turno de 2014, mesmo diante de um aeroporto construído com dinheiro público, agressões a mulheres e noitadas, agora o reduziu a pó (sem trocadilho).
A cobertura abordou seu áudio cheio de palavrões e a prisão de sua irmã e mentora, Andrea Neves, levada algemada pela polícia federal.
Nem todo mundo conhecia o esquema do Aécio, mas depois do escândalo da JBS o Brasil passou a conhecer o homem que quase chegou a presidência e foi um dos maiores atores do processo que levou ao impeachment da sua oponente nas eleições, a candidata vencedora Dilma Rousseff.
Fora do páreo,com muitas citações na lava jato, ele deixou de fazer parte dos interesses da Globo, e sem a blindagem, bastou uma noite de Jornal Nacional para acabar com a carreira do Aécio. Foi o primeiro a ser comida em nome na construção da isenção da lava jato. Deu pena.
Será o fim da era Temer?
Temer resiste, e tem o apoio de jornais paulistas e do MBL. O base aliada ainda tenta enxergar o quanto a água entrou no governo antes de abandonar o navio.
Temer já sabia que os colegas de corrupção não eram confiáveis, por isso garantia que o passarinho Cunha não cantasse, mas pelo que soubemos, da para perceber o quão os milhões da JBS contribuíam para a costura dos apoios do governo.
Levando-se em consideração as benesses de Temer a empresários e banqueiros, podemos imaginar que não era a única fonte de renda, mas segundo os delatores, Temer precisava ser sustentado pela JBS, então o baque será forte.
Alguns dizem que Temer é um morto vivo na presidência. É de se imaginar que uma figura que tem se mostrado tão medíocre na presidência não queira largar o osso do poder a qual foi ungido pela mesma emissora que agora o destrói e detona seus 4% de popularidade.
Ninguém mais quer o Temer, mas o estrago não foi completo e a cobertura da Folha mostra que ainda tem fortes aliados. Além disso ele tem a maquina e já mostrou que não tem o menor receio de usar tudo o que puder para comprar o que for.

Cenários
Não existe pato grátis
E agora, José? O governo de Temer foi o governo do mercado e o mercado quer retorno sobre o que investiu no impeachment. Quer a agenda de reformas em movimento.
Esse mesmo mercado perdeu muito dinheiro com a crise e se vê como único dono do governo brasileiro. O mercado deixará que o Temer continue governando ou a flecha da Globo não volta atrás e a queda é questão de horas? Levando-se em consideração que a Globo calculou muito bem por três semanas antes de divulgar esses áudios.
Henrique Meirelles?
Meirelles é do mesmo partido de Kassab, o PSD. Novo, com bancada expressiva, sem identidade junto a eleitorado nenhum, o PSD é um dos fiéis da balança em Brasília.
Meirelles tentou acalmar o mercado, garantindo que não importa que o rumo o país tomasse, ele permaneceria no governo, mas como ele sabe disso? Por que tanta certeza?
Meirelles seria o presidente ideal para os que mexem os pauzinho do poder, mas o que o povo pode esperar de um milionário, que fecha a uma mão aos pobres com austeridade radical e abre outra completamente para os muito ricos e para o mercado internacional?
E o PSDB?
Os tucanos continuam se bicando pelo poder. Com o fim de Aécio, o partido saí da briga interna café com leite, entre Minas e São Paulo e o páreo está entre Alckmin e Dória.
O partido conseguiria bancada para eleger algum nome nas eleições indiretas? As denuncias afetaram Aécio e Serra, mas a imagem do santo Alckmin continua sendo protegida pela mídia. O tucano está no fim do seu segundo mandato de governador, mas vê sua criatura, Dória, cada vez mais popular e mais rebelde.
O Grande acordo nacional, com o supremo, com tudo
As engrenagens do grande acordo de Jucá continuam rodando. Aécio cumpriu mais uma profecia e foi o primeiro a ser comido publicamente, mas e quanto a Temer? Como reagirá o supremo diante dos últimos acontecimentos? Lembrando que, durante os áudios, Temer cita ‘seus’ dois ministros. O STF vai aceitar patinará ainda mais na lama de Temer?
E a lava jato?
Na última semana, a lava jato foi além do PT, o que já era esperado por alguns analistas como uma solução para garantir um viés de legitimidade para a operação. Mas e agora? Vai parar por aí? E Moro? Por que sumiu e por que não aceitou as denuncias de Cunha que incriminavam Temer?
As denuncias, em parceria com a mídia, contra Temer foram algo inesperado. Mas isso significa que a lava jato, que vinha sofrendo ameaças constantes de silenciamento, ganhou vida própria além do consórcio formado para destituir o PT? E que rumos tomará?
O PMDB seria praticamente um pré-sal para a operação lava jato. A operação tem força e estômago para aprofundar as investigações sobre o partido?
E o Lula?
Lula tem conclamado o povo às ruas para pedir eleições diretas. O candidato tem a maioria das intenções de voto no próximo pleito, mas também tem uma das maiores rejeições.
Nos dois últimos anos, a esquerda mostrou que ainda late bem alto, mas sozinha não é capaz de mudar efetivamente o cenário, mas o Lula é um curinga capaz de vencer as maiores adversidades políticas.
O que esperar de um político como ele, que domina a oratória, em um cenário desses de total desconfiança da população em relação a tudo? Qual será o desdobramento da situação dele com a lava jato?
Marina, Bolsonaro e Ciro
Os presidenciáveis conseguirão crescer na crise? Todos tem altas taxas de rejeição, mas especialistas apontam que o cenário atual propícia a ascensão de uma figura nova. Quem seria? A imprensa quer Dória.
E o povo?
Bem, o povo acompanha do sofá, a cada noite a mais um capítulo da editada e tendenciosa realidade brasileira.
De todos os citados, nenhum traria a união que buscamos e a grande maioria vai continuar seguindo o que o mercado mandar, em detrimento do povo assalariado e sem renda fixa que constitui a maior parte da população.
O estrago feito pelo Temer mostra que as próximas duas décadas serão famintas, desdentadas, sem saúde e analfabetas.
O mercado cobra duras reformas que transformarão o Brasil em China, sem que seja necessário um regime comunista, mas apenas a gana em vender mão de obra barata, escravizada e faminta. O abismo entre ricos e pobres tende a se tornar ainda maior.
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