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Trecho do livro Budapeste

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Eu era um jovem louco e saudável quando adentrei a baía de Guanabara, errei pelas ruas do Rio de Janeiro e conheci Tereza.Ao ouvir cantar Tereza, caí de amores pelo seu idioma, e após três meses embatucado, senti que tinha a história do alemão na ponta dos dedos.  A escrita me saía espontânea, num ritmo que não era meu, e foi na batata da perna de Tereza que escrevi as primeiras palavras na língua nativa. No princípio, ela gostou, ficou lisonjeada quando eu lhe disse que estava escrevendo um livro nela. Depois deu para ter ciúme, deu para recusar seu corpo, disse que eu só a procurava a fim de escrever nela, e o livro já ia pelo sétimo capítulo quando ela me abandonou.  Sem ela, perdi o fio do novelo, voltei ao prefácio, meu conhecimento da língua regrediu, pensei até em largar tudo e ir embora para Hamburgo. Passava os dias catatônico diante de uma folha de papel em branco, eu tinha me viciado em Tereza. Experimentei escrever alguma coisa em mim mesmo, mas não ...