Tempo




Parece que o tempo conversa comigo. Parece que por minha lentidão parecer com a dele, ele me aceita e me revela alguns de seus segredos.
A gente se abraça e acompanha passando um pelo outro e também pelos outros. A gente briga, eventualmente, então esquecemos as outras bondades e só olhamos o mal que nos fazemos.
Depois a gente se perdoa e se abraça e eu o beijo forte e lento e tento agradecer por todas as coisas maravilhosas da vida, por todo o carinho, gozo e sorriso que ele me proporcionou.
Para alguns é tempo perdido, para mim é encontro com o tempo.
Nada mais bonito que admirar o doce balanço do tempo a passar e me encontrar em suas curvas.
Tempo, desculpa se as vezes eu cego diante dos teus contratempos, me ama nos dias dias azuis e cinzas que eu também vou te amar pelo tempo que te tiver.

Torna-te o que tu és!

Todas as minhas teorias de vida dançam uma ciranda, desconexas e conexas, se completando ou contradizendo, pra que preciso de tantas? Sou levada pelas águas desse rio que não sei onde acaba, as ruas são o leito desse rio, os carros e os aviões são a correnteza, vou escorrendo pelos dias. As minhas verdades, cheias de razão são tão cansativas, com todas as suas explicações. Os meus medos são tão rasos. Me escrevo para me desentender, pra me confundir, pra desabafar. Estou cansada dos meus contrários, de olhar os meus abismos. A vida é mesmo essa corda bamba onde se deve sempre parar no meio, mas o meio é tão sem graça. Quero ir nos extremos.